Caro Gláucio,
ontem de manhã, tão logo abri os olhos, a primeira imagem
que me veio em saudade foi a da minha irmã mais velha. Fazia um bom tempo que
não nos víamos e que nem nos falávamos. E então levantei-me, tomei meu
desjejum, comecei a fazer meu trabalho, fiz depois um lanche, voltei ao
trabalho, almocei... e minha irmã não saia da mente. Decidi: vou ligar para
ela. E aí aconteceu de antes de eu tirar o fone do gancho, o telefone toca. Do
outro lado: a minha irmã.
— Oi, fio! Desde ontem só tô pensando em você... Como é que
você está?
Tremi da cabeça ao dedão do pé.
Em Viena, no dia 25 de março de 1909,
houve um encontro de duas grandes mentes... Jung
perguntou a Freud o que ele achava de precognição e parapsicologia. Freud se alterou e não hesitou em classificar tudo como um absurdo. Para o mestre, os fenômenos ocultos eram meras superstições, indignos de qualquer atenção de quem era instruído na Ciência. "Eu tive que me conter para não retrucar com certa violência", escreveu Jung em seu caderno de recordação. Os ânimos entre o mestre e o discípulo se acirraram. Uma pergunta foi o começo do fim de uma parceria de dois nobres intelectos. Jung relatou:
perguntou a Freud o que ele achava de precognição e parapsicologia. Freud se alterou e não hesitou em classificar tudo como um absurdo. Para o mestre, os fenômenos ocultos eram meras superstições, indignos de qualquer atenção de quem era instruído na Ciência. "Eu tive que me conter para não retrucar com certa violência", escreveu Jung em seu caderno de recordação. Os ânimos entre o mestre e o discípulo se acirraram. Uma pergunta foi o começo do fim de uma parceria de dois nobres intelectos. Jung relatou:
"Enquanto Freud quase gritava para me convencer de que os fenômenos parapsicológicos não existiam, tive uma sensação curiosa: meu diafragma parecia feito de aço e um estranho calor começou a subir pelo meu peito, como se algo fosse explodir. Nesse exato momento escutamos um estrondo na
estante que ficava logo atrás de nós. Levantamos assustados, temendo
que ela fosse cair. Entendi tudo e expliquei a Freud: 'Aí está um bom
fenômeno de exteriorização catalítica'. Furioso, ele disse que tudo
aquilo era uma bobagem. Insisti: 'Não é besteira e o senhor está
totalmente enganado, professor. Para provar o que estou dizendo, afirmo
que vamos ouvir outro estrondo daqui a pouco'. Mal acabei de falar, a estante voltou a produzir aquele ruído. Não
sei o que me deu aquela certeza, mas eu sabia que o ruído ia se
repetir. Freud limitou-se a olhar desconfiado para mim. Não sei
exatamente o que significou aquele olhar, nem o que passou por sua
mente naquela hora. O fato é que ele se sentiu agredido".
Estou estudando os escritos de Jung sobre fenômenos do além-consciência.
Abraço,
Abraço,
Nataniel."
E-mail enviado por mim como resposta em 20 de agosto:
"Olá, caro Nataniel.
Sempre um prazer e enorme satisfação receber suas reflexões e impressões abordando novos conhecimentos.
Vejo
a vida acima de tudo como um processo, um processo de aprendizado do
início ao fim. Por isso, penso que quando alguém se enclausura para
fugir de novas ideias e conceitos diferenciados, está de fato deixando de
viver. É realmente impressionante o relato de sua experiência com o
telefonema de sua irmã. Pessoalmente não me ocorre, ao menos neste
momento em que escrevo, alguma situação similar no contexto de minha própria
história. Mas conheço muitos casos relatados por pessoas idôneas que
levam a reflexões muito parecidas com aquelas a que chegamos conforme os
fatos que narraste.
Certos fenômenos foram empiricamente postos à prova com respeito à atemporalidade
da consciência; em clara indicação de que nosso plano de percepção situa-se
para além de espaço e de tempo. Por exemplo, algumas horas antes do
atentado de 11 de setembro, sensores eletromagnéticos ultrassensíveis do
mundo inteiro registraram grandes picos de atividade (bem, não sei
exatamente do que se tratam esses equipamentos, mas foi o que assisti num
documentário com depoimentos de cientistas e pesquisadores de renomadas
universidades). Era como se a mente coletiva da humanidade estivesse
"captando" a energia emocional de um acontecimento que, independente da
afiliação política ou filosófica de cada um, tornou-se o centro das
discussões no mundo inteiro e causou grande impacto mental em todos. Ou seja, o
inconsciente de toda a raça humana estaria sensibilizado por um
determinado fato, mesmo horas antes de este fato acontecer!
Há muitos outros experimentos pelo que sei, de naturezas diversas, que induzem a sérias indagações sobre os fenômenos do além-consciência. Citei apenas este, como mero exemplo entre inúmeros outros.
Há muitos outros experimentos pelo que sei, de naturezas diversas, que induzem a sérias indagações sobre os fenômenos do além-consciência. Citei apenas este, como mero exemplo entre inúmeros outros.
Acredito
que Jung foi um homem muito à frente de seu tempo quanto às
questões da mente e da psiquê, o que talvez explique ter ele sido até
certo ponto "marginalizado" dentro do círculo científico ao qual pertencia (não sei se a informação procede ou não, mas ouvi dizer que na
grade curricular dos cursos de graduação em Psicologia não está incluído
o estudo de Jung - Apenas o pensamento de Freud é analisado. Ainda preciso confirmar
esta informação com alguém que tenha estudado Psicologia, mas parece que
é isso mesmo... O que não me surpreenderia - Jung estaria além de seu
tempo e, provavelmente, além do nosso tempo também!). Em terra de cego, estimado Nataniel, sabemos que quem teve olhos jamais foi rei.
Meu
caro amigo, mantenha-me a par de novas conclusões e insights vislumbrados por você a partir dos seus estudos do pensamento Junguiano. De
minha parte, vejo-me propenso a também buscar algum
conhecimento nesse campo.
Grande abraço!
Glaucio"
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