Terça-feira, dia 11 de setembro de 2012.
Por mais que tenha tentado dormir mais cedo na segunda-feira,
novamente não tive sucesso. Cheguei novamente atrasado ao trabalho. Senti outra
vez a velha decepção comigo mesmo por não estar no comando da minha rotina de
dormir e acordar, e tomei uma decisão firme: custe o que custar irei mudar isso
no meu estilo de vida, começando a partir de hoje. Falarei mais no decorrer
desta postagem.
Como já disse, cheguei ao trabalho uma hora mais tarde e
deverei compensar isso ainda hoje, permanecendo no cartório por pelo menos uma
hora após meu horário normal. A procuradora federal que mencionei noutras
ocasiões estava por lá, trabalhando junto com sua colega Castro. Emprestou-me
uma coleção de filmes de Akira Rurosawa, além do Labirinto do Fauno.
Conversamos os três, como quase sempre, sobre os filmes que gostamos. Falamos
especialmente sobre um, Monsters, que conta a história de duas mulheres que se
tornam amantes e passam a cometer uma série de latrocínios. Trata-se de um
roteiro com base em fatos reais; foi realmente um ótimo filme a que assisti no
cine Gemini há alguns anos – quando este saudoso cinema na Paulista ainda
funcionava.
À hora do almoço no restaurante self-service, preferi não
colocar feijão no prato. Explico: há alguns dias li algo sobre o consumo do
feijão provocar sensação de estufamento e peso no estômago, além de gases. Ora,
não foram poucas as vezes que deixei de ir para a academia à noite por conta dessas
sensações físicas desagradáveis – que certamente me fazem render pessimamente no
treino. Como experiência, no dia de hoje resolvi evitar o feijão (e parece que
funcionou: após o almoço continuei me sentindo muito bem, disposto e ágil e,
principalmente, sem a sensação de gases! – se hoje tivesse sido um dia de
treino, com certeza minha disposição na academia seria das melhores).
Caminhando de volta do almoço pela rua Quintino, passei em
frente a uma das várias lojas de livros usados naquela rua. Lembrei-me o quanto
ando desleixado de ler bons livros desde há muito tempo... De longa data eu
havia decidido que leria Demian, de Herman Hesse, além de Franny e Zooey de J.
D. Salinger. Quem disse que li, ou que
sequer comprei estas obras? Senti que perco muito ao postergar as leituras ou
mesmo deixar de ler... Perdas em termos de cultura e de arte, ou seja, o que há
de melhor no sentido de fazer valer a pena a vida. O tempo – ou a falta dele -,
é como sempre um problema diretamente relacionado a isso.
No caminho de volta pra casa e já na rua do prédio onde
moro, cruzei na calçada com um jovem que calculo ter uns dezoito anos. Trata-se
de um garoto aqui do prédio que conheço há mais de dez anos. Há toda uma turma
de gente jovem que tenho visto ao longo de todo esse tempo, ou seja, desde que
comecei a morar aqui no ano de 2001. Não se tratam mais de garotos, mas sim de
homens e mulheres na verdade. Sinto satisfação ao ver que aquela meninada
acabou por se tornar uma bela turma de jovens adultos, gente polida, de boa
educação e trato. Ocorreu-me então a letra de uma música que dizia: “but time
makes bolder, children get older; and I’m getting older too”. Mesmo não sendo
necessariamente um fã desse grupo ou desse estilo de música, gosto do trecho de
letra. Acredito ser muito real no meu caso, pois estou beirando os 40 e
sinto-me muito mais confiante e menos inseguro do que eu era há uns dez, ou até
mesmo cinco anos atrás. Acredito que quando chegamos nesta idade, finalmente
aprendemos a aceitar totalmente o fato de que o envelhecimento, que sempre soou
como uma palavra feia e repugnante, já apresenta seus primeiros e
incontestáveis sinais em nosso corpo. Trata-se de uma aceitação que, em meu
caso, traz-me mais serenidade e segurança do que quando eu tinha vinte e tantos
ou trinta anos, e não tinha a menor ideia de como seria quando a vida começasse
a me confrontar com um tempo de idade já bem amadurecido. Chegando aonde
cheguei, vejo que não há desespero ou insegurança: vivemos, crescemos,
amadurecemos e vamos envelhecendo, extinguindo-nos ao final. É assim que
funciona para todos, e é assim que sempre funcionou. Deixemo-nos fascinar, então,
pelo momento presente e pelo dia que temos hoje.
Quando eram por volta de sete e quarenta da noite, tomei uma
boa dose de rivotril (o dobro da dosagem que tomo habitualmente). Era preciso
começar a cumprir o propósito que firmei quanto a corrigir minha rotina de sono
e estado desperto. Com o decorrer dos dias, meu corpo vai internalizar este
horário como sendo o correto para desligar-se e dormir, e assim poderei mais
uma vez ir reduzindo gradualmente a dose desse medicamento. Deu certo: lá pelas
dez e vinte da noite eu já me encontrava dormindo como se fossem três e meia da
madrugada. Despertei-me revigorado e bem disposto no dia seguinte após as três
e vinte da manhã, e sem precisar do estimulante Ritalina. Cinco
horas de um sono reparador e suficiente numa noite para mim. Foi tudo
surpreendentemente muito bem, até melhor do que eu esperava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário